«A moral é algo muito bonito, mas só se for aplicada. Deves agir segundo o que ponderas acerca da situação específica e não segundo uma máxima extremista que generaliza tudo. Ninguém te pode chamar imoral por errares quando para além de seres humano, teres muito que te ocupa o olho da mente.»

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Crítica ás teorias sobre a moral

Depois de muito tempo sem qualquer sinal de vida, decidi voltar a postar no blog.
Aqui vai um post sobre as teorias acerca da moral.




Relativismo cultural
O relativismo cultural defende que todas as afirmações morais (Ex.: "A prática do aborto é imoral", ou "A eutanásia é moral") só têm valor de verdade dentro de uma determinada cultura.

Isto leva-nos a ser tolerantes em relação ás outras culturas, pois não podemos considerar a nossa cultura moralmente superior a qualquer outra, visto que os nossos costumes e ideias não têm para as outras culturas valor de verdade como os costumes e ideias das outras culturas não podem ter valor de verdade para nós.

Então, segundo o relativismo cultural, é completamente natural que uma pessoa de uma cultura com tendências canibais não possa ser, de qualquer maneira, impedida de praticar o canibalismo, visto fazer parte da sua cultura. Esta teoria teria sido muito aceite especialmente pelos nazis, visto que eles tinham a sua própria cultura e costumes e ideias, quem poderia alguma vez questionar-se sobre a moralidade dos seus actos?
Para além disso, tomemos como exemplo um referendo realizado num país X, acerca da eutanásia, decidindo-se assim que a eutanásia é uma prática moral. Então, todos os habitantes desse pais ou todos os que têm a mesma cultura, acham a eutanásia uma prática moral? Não, então isso quer dizer que cada pessoa, sendo influenciada pelo que a rodeia de forma única, possui, praticamente, a sua própria cultura, e então, não podemos dizer que o que quer que alguém faça é imoral, pois, a fim de contas, faz parte da sua cultura.




Subjectivismo do observador ideal
Segundo a teoria do observador ideal, para classificar algo como moral ou imoral, devemos questionar-nos o que concluiria um observador ideal, completamente neutro e imparcial.

É uma teoria interessante, pois assim seria possível dizer que (supondo que o observador ideal consideraria a escravatura e a discriminação da mulher imoral), por exemplo, uma cultura que já aboliu a escravatura e igualou os direitos da mulher aos dos homens, é moralmente mais avançada que outra.

No entanto, é facilmente perceptível que não é fácil pensarmos o que concluiria um observador ideal, visto ser praticamente impossível existir um, mesmo que em nossas mentes, pois durante toda a nossa vida somos influenciados pela nossa cultura e pelos que nos rodeiam, sendo quase impossível desprendermo-nos de tudo o que achamos "natural". Para além disso, seria também muito difícil provar que nos tínhamos desprendido da nossa cultura, e que de facto, X seria a opinião do observador ideal.




Realismo moral
O realismo moral defende que as afirmações morais são verdadeiras ou falsas independentemente de quem quer que seja as achar verdadeiras ou falsas. Ou seja, uma determinada coisa pode ser de forma certa e absoluta moral, não sendo afectada pelas opiniões individuais de cada um.

Esta é a teoria com a qual eu mais concordo. Por exemplo, em determinada altura da história muitos defendiam o geocentrismo (a Terra no centro do universo, o sol e outros planetas rodam à volta dela), enquanto que alguns defendiam o heliocentrismo (a Terra é que roda à volta do sol). Independentemente de uns defenderem o heliocentrismo e outros o geocentrismo, era a teoria do heliocentrismo que estava correcta.

O problema desta teoria remete ao do observador ideal. Como é possível provar que X é o valor de verdade correcto sobre a moralidade de algo, independente das opiniões de todos, visto que qualquer argumento que usemos para defender tal, não passa por si só de uma opinião nossa?
Embora não seja a teoria mais útil para avaliar a moralidade de algo, é, na minha opinião e apesar de todas as objecções, a teoria com um maior valor de verdade na sua formulação. Há de facto um valor de verdade independente dos humanos, e tentar negar isso ao afirmar que mesmo que houvesse um valor de verdade independente, não o poderíamos alguma vez descobrir e provar com certezas, é um argumento mais que inválido.




Egoísmo normativo, egoísmo psicológico e amoralismo
O egoísmo normativo diz, basicamente, que devemos agir de forma egoísta, e que se não o fizermos, não só somos estúpidos como imorais.
O egoísmo psicológico diz todos agimos de forma egoísta e imoral.
O amoralismo diz que não temos razões para prestar atenção à moralidade.

Para reforçar estas teorias, basta pensar no mundo hoje em dia, e no quão degradada e deprimente é a nossa sociedade. De facto, é muito conveniente pensar que se deve agir de modo egoísta, aliás, é fácil pensar assim, e por isso é que muitas pessoas até contradizem a teoria, afinal, achar estúpido dever ser egoísta é por si mesmo egoísta, sendo o fim, muito provavelmente, ser bem visto pelos outros. Todos agimos de forma egoísta? Não me parece, embora de facto haja muito egoísmo, nem todos agem SEMPRE por egoísmo, e mesmo algumas acções egoístas não são, a meu ver, necessariamente imorais. E não devemos prestar atenção à moralidade... é mesmo preciso refutar? A moralidade é muito bonita, mas para isso tem de ser posta em prática.
Concluindo, dizer que ao dar uma esmola a um sem-abrigo, estamos a ser puramente egoístas pois ficamos felizes por fazer outra pessoa feliz, não é muito correcto. Por ganharmos algo com uma boa acção, mesmo que saibamos antecipadamente que o vamos ganhar, não quer dizer necessariamente que seja isso que nos mova a fazer, ou seja, que seja esse o fim da nossa acção. Para além disso, na própria ideia de ser altruísta está também a ideia de obter prazer ao ajudar os outros.

A meu ver, estas três teorias são facilmente refutadas, pois os seus argumentos não são de grande persistência lógica.





Espero que gostem deste post grandito, e que comentem e dêem opiniões, provavelmente posto de novo, a refutar ou reforçar os vossos argumentos =P.
No próximo post continuarei este assunto com a Ética de Kant e a Ética de Stuart Mill.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Algo curioso...

Segundo a nova lei do tabaco, em vigor desde o passado dia 1 de Janeiro de 2008 (que pretende proteger os cidadãos da exposição involuntária ao fumo do tabaco e criar medidas que conduzam à redução da dependência), é proíbido fumar em locais públicos e/ou fechados, e que, para tal ser possível (em establecimentos públicos como centros comerciais, hospitais, etc), os establecimentos devem dispôr de uma zona de fumadores, directamente ventilada para o exterior, e separadas fisicamente das zonas de não fumadores.

Ora, pergunto-me eu, o que faz um cinzeiro (cheio de beatas) por baixo de um símbolo "proíbido fumar", e perto de outro símbolo com a mesma restrição, mas contendo todo o decreto de lei que diz que é proíbido fumar em locais públicos e fechados, num local fechado, sem janelas abertas nem sistema de ventilação, e público (de cuidados de saúde), sendo um hospital...
Será uma espécie de armadilha? Será que estamos prestes a presenciar uma "caça ao fumador"?

Imagino...:
"Fumador a fumar tranquilamente perto do cinzeiro enquanto lê atentamente o sinal "proíbido fumar".
- Psht é! Você está maluco?!? Diz ai proíbido fumar! - aparece um médico aos gritos.
- Ah e tal... mas então porque está aqui um cinzeiro...
- Pois, a ideia é essa... Vá vá, toca a pagar a multa antes que me chateie.
Fumador atira cigarro pela janela ineficazmente visto esta estar fechada."

A sério... Eu sei que pela nova lei podem «ser criadas áreas exclusivamente destinadas a pacientes fumadores em hospitais e serviços psiquiátricos, centros de tratamento e reabilitação e unidades de internamento de toxicodependentes e de alcoólicos», mas nelas deve constar que de facto apenas os pacientes e/ou internados é que podem fumar...


sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Aqui... Não há nada...

Pois...
Aqui vai o princípio de algo (mesmo que algo seja apenas nada [excepto nada ser])...

Bem, não sei se entenderam o título, por ísso, passo a tentar explicar.

Pensem um pouco na frase... "Aqui, não há nada"...


O que ela vos diz...?


Leiam palavra a palavra.


Aqui - penso que não há dúvidas nesta parte, refiro-me a este blog.
Não há - são duas palavras mas constituem uma afirmação. Neste blog, não existe...
Nada - "Coisa nenhuma; ausência absoluta, relativa ou da realidade; o que não existe; etc."

Ora, eu afirmo que "não existe" "coisa nenhuma;nada;ausência" logo existe "alguma coisa;presença".
Isto porque eu defendo que o nada não existe, porque há sempre algo nem que seja o nada, mas não deixa de ser algo.

Aproveito para dizer, a quem diz que está triste porque não tem nada, para pensar melhor e arriscar, porque se não tem nada, nada pode perder, tem tudo a ganhar.
Força.


Bem, acho que chega para a primeira vez.
Até à próxima!